Infestação de maruins mobiliza autoridades em audiência pública em Dom Pedro de Alcântara
Reunião conduzida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa reuniu lideranças regionais e estaduais; prefeita de Três Cachoeiras, Fabiana Leffa, e outros gestores cobraram soluções urgentes para o avanço do mosquito que afeta saúde, turismo e agricultura.

Uma expressiva audiência pública foi realizada nesta semana no município de Dom Pedro de Alcântara, no clube do Aimoré, na tarde desta quinta-feira 8, para debater a grave infestação de maruins — também conhecidos como porvinhas — que tem causado transtornos e preocupações em diversos municípios do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. O encontro foi promovido pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Neri, o Carteiro, a pedido do deputado estadual Luciano Silveira.
O evento reuniu lideranças políticas, representantes sindicais e técnicos da saúde e agricultura. A prefeita de Três Cachoeiras, Fabiana Leffa, externou preocupação com os riscos à saúde pública, especialmente entre crianças, e com o impacto na economia local, principalmente no turismo. O prefeito anfitrião, Alexandre Model (MDB), cobrou ações mais concretas do Governo do Estado e alertou sobre a urgência do problema.
Segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), representado por Edimilson Santos, ainda não existe produto específico para controle do maruim, e os inseticidas utilizados contra outros mosquitos não surtem efeito. Ele destacou que não há casos registrados de febre oropouche no estado, mas relatou que estudos iniciados no Espírito Santo podem abrir caminhos para futuras medidas no RS.
Diana Justo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Torres, alertou que não há substâncias ecológicas autorizadas para uso, embora a Fiocruz tenha iniciado pesquisas. A dirigente espera que os pesquisadores cheguem à região para aprofundar os estudos. Representantes da agricultura familiar, como Arnaldo (Emater de Mampituba), reforçaram que o problema já persiste há sete anos sem ações coordenadas em âmbito estadual ou federal.
O vereador Vanilson Pinto (Morrinhos do Sul) e o secretário de Saúde de Mampituba, Douglas Sodré, ressaltaram que os gestores locais são cobrados diretamente pela população, mas não têm ferramentas adequadas para o combate. O diretor do CIDIRUR, Flávio Ratinho, fez um apelo por mais investimento em pesquisas. Já o prefeito de Terra de Areia, Osvaldo Matos Sobrinho, sugeriu levar a pauta a Brasília e criticou o tempo estimado de 1 a 2 anos para uma solução definitiva.
Relatos populares também marcaram a audiência. Moradores apontaram alternativas como o uso de citronela, aplicação de cloro em adubos e óleo de eucalipto cheiroso como paliativos. O morador “Gringo”, de Dom Pedro, afirmou estar testando um produto em sua propriedade com bons resultados. Técnicos da vigilância comentaram sobre o ciclo de vida do inseto e a possível introdução de predadores naturais, como o besouro.
O deputado Luciano Silveira encerrou os trabalhos afirmando que o tema deve ser tratado com continuidade e defendeu a realização de uma audiência nacional em Brasília, além da decretação de estado de emergência nos municípios mais afetados. “É uma questão de saúde pública, de meio ambiente e de economia regional. Não se trata de protagonismo político, mas de união e ação”, concluiu.
O presidente da comissão, Neri o Carteiro, avaliou positivamente a audiência, reforçando que o debate trouxe à tona a urgência de estudos e ações coordenadas. Ele ressaltou que, apesar de ainda não haver uma solução imediata, os caminhos estão sendo construídos.
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