Campeonato Municipal 2025: Entre erros, aprendizados e a ausência sentida do Rio do Terra
Reunião define que competição será com sete clubes; ausência do Rio do Terra expõe falhas no modelo de decisão coletiva entre os times.

Na noite desta terça-feira, 22 de abril de 2025, uma nova reunião entre o Conselho Municipal de Desporto (CMD) e os clubes participantes do Campeonato Municipal de Futebol de Campo de Três Cachoeiras selou um ponto final doloroso: a edição deste ano será disputada sem a participação do tradicional time do Rio do Terra.
A ausência não foi provocada por sanção, punição ou decisão unilateral do CMD. Pelo contrário: o impasse nasceu dentro do modelo democrático que organiza o campeonato, no qual os próprios clubes definem por votação o zoneamento dos bairros, o formato da competição e a liberação de atletas.
Na primeira reunião, com clima tenso e pouca escuta mútua, foi aprovado — com votos da maioria dos clubes — que o bairro Santa Rita passaria a estar vinculado ao Morro Azul. Essa mudança, mesmo sendo aprovada de forma legal, prejudicou o Rio do Terra, que perdeu atletas e se viu com dificuldades para montar seu elenco. A proposta de participar apenas na categoria titular veio tarde demais. O clube anunciou sua retirada da competição e parte de seus jogadores já se inscreveu em outros times.
Na reunião desta terça, com ânimos mais calmos, tentou-se buscar soluções, mas o consenso foi de que não havia mais como voltar atrás. Trazer atletas de volta significaria criar conflitos com times já organizados. O que se ouviu foi um lamento geral, inclusive por parte do secretário de esportes e da prefeita Fabiana Leffa, que chegou a sugerir que não houvesse campeonato sem a participação de todos. Mas os clubes foram firmes: seguirão em sete.
Dois pontos centrais emergiram da crise:
A necessidade urgente de atualizar o zoneamento, feito pelos clubes com base em mapas antigos de 2017. A Secretaria de Esportes já indicou que, para 2026, esse trabalho será reformulado e poderá trazer inclusive regras mais duras para garantir que atletas joguem, prioritariamente, por seus bairros de origem.
As dificuldades enfrentadas por alguns clubes para montar o time de aspirantes, algo que precisa ser considerado na próxima formatação da competição.
Apesar da ausência do Rio do Terra, o campeonato segue. E fica o aprendizado: não é hora de buscar culpados isolados, mas sim de reformular, juntos, um sistema que precisa evoluir. A boa intenção de muitos acabou sendo atropelada pela falta de diálogo. O futebol de Três Cachoeiras merece mais.
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