Colunista do Wall Street Journal acusa STF de “golpe de Estado” e alerta para ameaça à democracia no Brasil

Em artigo, Mary Anastasia O’Grady critica ações do ministro Alexandre de Moraes, apontando censura, prisões de opositores e politização da Suprema Corte

A colunista Mary Anastasia O’Grady, do Wall Street Journal, publicou no dia 10 de agosto um artigo intitulado “Um golpe de Estado do Supremo Tribunal Federal no Brasil”, no qual afirma que a liberdade nas Américas enfrenta um nível de risco não visto desde a Guerra Fria. Segundo a jornalista, o ministro Alexandre de Moraes estaria conduzindo uma escalada autoritária no país, marcada por censura a críticos, prisões de opositores e uso político do Judiciário.

O’Grady compara a situação brasileira à de regimes como o de Hugo Chávez, na Venezuela, e Nayib Bukele, em El Salvador, onde o controle das instituições teria sido usado para enfraquecer a democracia. No caso do Brasil, a colunista aponta que o processo teria começado em 2019, com a abertura do chamado “inquérito das fake news” pelo STF, conduzido por Moraes, acumulando funções de investigação e julgamento, em desacordo com o sistema acusatório.

No texto, a jornalista critica decisões como a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2021, o “inquérito das milícias digitais” e as ações do Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições de 2022. Para O’Grady, esses movimentos indicam que a Corte assumiu um papel político, interferindo diretamente no debate público e restringindo liberdades individuais.

O artigo também aborda as prisões em massa após os eventos de 8 de janeiro de 2023, classificando-as como desproporcionais e seletivas, especialmente se comparadas ao tratamento dado a atos violentos de esquerda. A autora relata que hoje há uma mobilização de parte do Senado para buscar o impeachment de Moraes, mas que fatores políticos e econômicos ainda sustentam o atual cenário.

A análise conclui alertando que sanções recentes impostas pelos Estados Unidos ao ministro podem sinalizar que a pressão internacional tende a crescer, caso o Brasil não retome o equilíbrio institucional e o respeito ao Estado de Direito.